A ideia de que o governo pode influenciar a opinião pública é antiga. Na verdade, os governos tentam fazê-lo desde a sua criação. Pode-se afirmar que isso até fez parte do papel do próprio Estado de criar valores e normas da sociedade de acordo com os seus próprios interesses. No entanto, apesar de séculos de tentativas de formar uma opinião pública, não parece haver evidências de que a intervenção estatal possa realmente levar a mudanças duradouras nas crenças das pessoas sobre qualquer assunto específico. Embora isso possa funcionar a curto prazo para certas campanhas, como programas para acabar com o tabagismo, por exemplo, quando se trata de problemas como aborto, casamento gay ou mesmo vacinação, os governos parecem incapazes de convencer grandes segmentos da população a mudar de opinião. Isso leva-nos a pensar se a intervenção do governo deve deixar de ser vista como uma solução para a mudança de atitude - afinal, por que alguém deve acreditar que aqueles que foram eleitos pelo povo necessariamente o representarão? Talvez, em vez disso, as mudanças sociais devam vir de dentro em vez de serem impostas por cima. Afinal, o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra.
Mas por que é tão difícil para os governos mudar a opinião pública? Uma das razões pode ser que eles dependem demais de abordagens «de cima para baixo» - em outras palavras, estão tentando impor sua agenda através de leis e regulamentos sem considerar as nuances das comunidades locais. Outro fator pode ser que muitas políticas tendem a se concentrar apenas no curto prazo, o que dificulta a solução de problemas mais profundos, como pobreza, educação ou saúde.
Finalmente, alguns cientistas afirmam que os governos muitas vezes não compreendem a complexidade dos movimentos sociais e como eles agem. Acabam por tentar controlá-los em vez de apoiá-los.
Eventualmente, talvez a melhor maneira de abordar esta questão seja olhar para diferentes exemplos de transformação social bem sucedida. Tomemos, por exemplo, o movimento dos direitos civis, um processo ascendente que envolveu organizações de base que trabalham juntas para alcançar objetivos comuns. Ou tomemos um movimento recente, que começou com pessoas falando sobre suas experiências de assédio sexual e abuso, o que levou a mudanças culturais mais amplas em torno do consentimento e respeito. Estes casos nos mostram que as mudanças reais acontecem quando as pessoas se sentem autorizadas a dizer as suas verdades e a agir coletivamente, em vez de esperar a intervenção do governo.
A intervenção do governo pode alterar a atitude pública ou apenas segui-la?
Nos últimos anos, aumentou o interesse em entender como os governos podem influenciar a opinião pública em várias questões, como mudanças climáticas, reforma da saúde, políticas de imigração e desenvolvimento econômico. A crença de que os governos devem desempenhar um papel significativo na formação de relações públicas não é nova, mas ganhou notoriedade com o aumento do populismo e do autoritarismo em todo o mundo.